Resenhando... Across the Universe

Direção: Julie Taymor
País: Estados Unidos
Gênero: Drama/ Musical/ Romance

"Eles viviam sem regras
Eles amavam sem medo
Mas,como o mundo mudou,
Eles tiveram que mudar"

Não sou nenhuma fã inveterada de Beatles, e, para dizer bem a verdade, nem um pouco de musicais (com exceção de Hair e The Wall, se é que este último pode ser considerado um). Across the Universe é um “high school musical” para alternativos (créditos da definição para o Luiz), com um roteiro, fotografia e atores anos-luz superiores. O filme é apaixonante: um daqueles que te faz sair do cinema feliz ― cantarolando as músicas da trilha sonora.

O cenário é a década de 60, os anos do amor livre, protestos contra a Guerra do Vietnam, explosão das drogas e do rock ‘n roll. Os personagens centrais do filme são Jude (Jim Sturgess) e Lucy (Evan Rachel Wood), ambos títulos de músicas dos The Beatles: “Hey Jude” e “Lucy in the Sky with Diamonds”. Lucy é uma garota certinha da classe média americana, irmã de Max, a ovelha negra da família. Já Jude, vive na Inglaterra, trabalhando como operário e dividindo uma casa minúscula com sua mãe. Ele então, vai para os Estados Unidos e fica por lá ilegalmente e conhece Lucy quando, por acaso, faz amizade com Max.

Max decide largar a faculdade e ir morar em Nova Iorque, “o lugar onde tudo acontece”. Jude, encantado com a descrição da cidade, vai com ele. Lá, eles dividem um apartamento com Sadie, uma cantora a La Janis Joplin, JoJo, um guitarrista com um quê de Jimi Hendrix e Prudence, uma lésbica que não tem muita sorte no amor (onipresente no filme).

Notícias ruins chegam à Lucy via correios: seu namorado, soldado na guerra, havia morrido em combate. Deprimida, viaja para passar as férias no apartamento do irmão e tentar melhorar um pouco seu ânimo. Lucy e Jude se apaixonam e, o que era para ser “um tempo”, se torna definitivo.

Mas, nem tudo é perfeito: o sonho da liberdade tem um custo. Lucy, de futura universitária vira garçonete de uma lanchonete; Max, taxista. Jude trabalha como artista plástico independentemente.

Para piorar tudo, Max é convocado para a Guerra. Começam então, as desavenças. Lucy entra para um comitê anti-guerra, passando pouco tempo em casa e adquire novas ideologias. Discussões e desavenças acabam separando ela e Jude, que têm de encontrar uma maneira de contornar as barreiras que os separam e voltar a ficarem juntos. E agora, chega de spoilers!

Todo o roteiro é costurado com músicas dos Beatles interpretadas pelos atores, que contam parte da história. Belíssimas metáforas, como a dos morangos, onde faz-se um paralelo entre Jude “fazendo arte” com os morangos e a Guerra do Vietnam― onde as bombas, granadas, e tudo o mais, são morangos (a própria representação do sangue escorre deles). Nessa cena toca, é claro, “Strawberry Fields Forever”. Detalhe também para a versão arrepiante de “Let It Be”, com um coro gospel, que faz os olhos se encherem de lágrimas.

Participações de Salma Hayek (como uma enfermeira muito hot) e Bono Vox (como um pastor chapadíssimo ― não deixem de reparar no modelo retrô dos óculos de lente azul característicos do cantor).

Psicodelia circense, boliches multicoloridos, surrealismo, Beatles, metáforas belas, imagens de deliciar os olhos (sem trocadilhos, por favor)... O trailer de Across the Universe você pode conferir aqui.

“Jude: ― Como você está?
Max: ― Está tudo bem do pescoço para baixo.”


A bela e metafórica cena dos morangos