Ser "piniudo(a)", como se diz no sertão, é feio. Ser "politicamente incorreto" é feio. Não ser "sustentável" está completamente fora de questão. Até que ponto os que debatem na rede abertamente permitem-se "ser" e não representar uma persona virtual? Ainda assim, não considero essa uma das questões mais preocupantes. Mas quais são as autoridades, as falas e saberes que são legitimados pela "vox populi" como respeitável e verdadeiro. Hoje, temos mais de 17 milhões (só no Brasil) que dizem o que pode ser verdadeiro e respeitável. Hoje, uma atriz, sem nenhum pudor, pode dissertar sobre educação. Um bombeiro pode ser a voz dos oprimidos sobre saúde pública. Um palhaço (literalmente) pode se eleger deputado. Todos podemos ser técnicos de futebol, consultores em design, peritos em segurança pública sem nos dar ao trabalho de ler, sequer, o 1º parágrafo do código civil ou frequentar um curso na área. Tudo dentro do padrão "web 2.0", claro.
Obviamente, alguns desses exemplos podem ter sido caricaturados. Mas estes não se distanciam muito da realidade. Nós apenas passamos a considerar "natural" as construções que nos passam por imperceptíveis dada sua legitimação pela comunidade e frequência com que acontecem (nos jornais, programas de auditório, nas redes sociais etc). Do contrário, atire a primeira pedra aquele que nunca meteu o nariz onde não foi chamado.