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Completei em 2008 exatos 21 anos e, digamos, dois meses de frequência ininterrupta aos bancos escolares.
Desde os 2 anos de idade conheci pessoas, coleguinhas, professores e disciplinas que contribuíram para formar o que sou hoje.
Hoje, aos 23, me encontro na expectativa mais árdua desse caminho: finalizar a tão suada e, diga-se de passagem, insuportável monofrafia para finalmente me graduar em jornalismo.
Quem é estudante ou atua na área está cada vez mais ciente do quão difícil está pra arrumar qualquer emprego ou estágio que seja.
A cada semestre, calculando por baixo, são mais de 10 mil novos jornalistas no mercado! E onde colocar todas essas pessoas?
A pior parte disso tudo é que, entre esses 20 mil novos jornalistas formados por ano, menos da metade, com toda certeza, é qualificado o suficiente para exercer a função. Quem está no meio sabe do que estou falando.
E ainda tem a pior parte: ter de competir com as celebridades, sejam elas instantâneas ou não.
É claro que, salvo algumas exceções, há entre as "estrelas" pessoas qualificadas e realmente esforçadas.
Como exemplo claro, cito a atriz Taís Araújo, que divide a mesma sala de aula que eu.
Mesmo tendo de se desdobrar entre gravações de novela, gravações de GNT, festas, prêmios, etc. ela consegue, surpreendentemente, dar conta da, repito, insuportável monografia. E com louvor, recebendo elogios de professores pra lá exigentes.
E ela dá sorte de já estar inserida num setor que vai facilitar sua evolução no jornalismo.
O revoltante é saber que, daqui a pouco, mulheres melancias, mulheres samambaias e big brothers podem estar circulando pelos corredores da mesma faculdade que você.
Longe de mim querer desacreditar quem quer que seja. Acredito no crescimento das pessoas e na forma em como todo mundo pode aproveitar as oportunidades pra crescer e evoluir.
Mas pense bem o quão revoltante é saber que pessoas realmente qualificadas têm de dividir o título de colega de profissão com "certas figuras". E figuras nada qualificadas, diga-se de passagem. Essas pessoas se aproveitam dos 15 minutos de fama para ingressar numa área em que elas definitivamente não têm talento. E não me venham falar de preconceito. Seria hipócrita até.
Imagine o quão agradável deve ser para um estudante ou bacharel em moda, por exemplo, saber que tem como colega de profissão um cérebro brilhante como o de Ângela Bismarchi.
Dia desses, zapeando, me deparei com uma reportagem interessantíssima sobre a incrível Mulher Melancia.
Ela falou da melancia, da Playboy, do créu e de sua carreira:
-As pessoas pensam que essa coisa de mulher melancia começou agora, mas esse apelido vem desde o inicío da minha carreira. (!)
- Agora eu vou investir em músicas pra MIM (!) cantar.
Sim, amantes da música, ela agora vai investir na carreira de cantora. Quem a viu pelo You Tube mostrando sua performance em um vídeo clipe feito quanto tinha 14 anos, pôde ter uma prévia do que vem por aí. Pois é, coisas belas e poéticas do tipo: "Chega de ser sua cachorra, chega de ser lôra burra". Tudo no mais puro estilo funk, claro.
Só avisem a ela, por favor, que 'mim' não canta nada.
Eu até brinco, em momentos de desespero, que vou virar a mulher jornal ou algo do tipo, e começar a cantar ou mostrar meu corpinho pra ganhar grana, pois com jornalismo tá difícil. Mas não, fiquem tranquilos e aliviados. Vou poupá-los da visão bizarra que seria essa minha carreira.
Mesmo diante de um mercado cruel e cada vez mais difícil, não só para o jornalistas, eu ainda acredito no jornalismo e nos caminhos que escolhi pra trabalhar.
Brincadeiras à parte, preservar sua imagem, não se expor feito carne no açougue, saber utilizar, aprender e explorar o que você tem melhor é, além de uma questão social, cultura, midiática, educacional, é uma questão de princípios, uma questão de berço.
É algo como os pais sempre dizem, você pode perder tudo, não ter nada, ser uma espécime qualquer de fracassado, mas o caminho do conhecimento que você trilhou, a sua inteligência, ninguém, definitivamente ninguém tira de você.
Não falo de conhecimento somente como intelectualismo puro, simples e barato, mas no conhecimento da forma mais abrangente que a palavra pode ter.
Sua beleza é efêmera, seu corpo pode perder partes, perecer, seus amigos podem lhe virar as costas, mas aquilo que você traz dentro e você, as marcas que as palavras, que o conhecimento e treinamento intelectual fizeram de você o que você é hoje, nunca vai mudar.
A escolha é sempre você quem faz.
Quanto vale tudo isso, só você vai saber dizer.
*foto google imagens
5 comentários:
É verdade tudo isso! Eu tenho muito medo desse mercado jason em que estamos entrando. Mas temos que acreditar, né? Até porque, tem muita, muita, gente ruim!
A propósito, eu conheço o marido da Bismarchi, hahaha. Mas depois eu conto esta história. E quanto à Taís Araújo, conheço quem estude com ela e a abomine. Vai saber, né.
ps: Nem me fale em monografias!
ps 2: Eu ia postar agora!
Bom, como eu trabalho em ambiente acadêmico eu sei BEM o que a Cynthia se refere. Mais da metade dos estudantes de jornalismo nao sabem gravar um off, uma passagem e escrever uma pauta sem erros de português.
E eu nem sou jornalista.
Infelizmente, na área de criação e pensamento (incluo a minha propria área, o cinema) o que mais tem é parente de figurão que entra na sua vaga.
A unica coisa que podemos fazer é lutar por ela. Pelo talento. E só.
Boa sorte aos jornalistas e quem mais for de áreas carentes e sem pistola.
e eu querendo me meter nesse meio... E sim, medo eterno de ter que competir com Ângela Bisrmachi! Será que ela fez plástica no cérebro?!
Apesar de toda dificuldade e urgência do Q.I pra subir na vida, acredito ainda que competência e talento faça alguma diferença nessa vida! Ainda que o "inimigo" precise colocar uma melancia você sabe onde para aparecer...
Beijocas, dulce.
complicado.
um desabafo bem coerente.
assim como o corpo a mente perece tambem. mais devagar, num processo mais triste ate, mas demorado.
no q vc falou eu so vejo um problema e por favor n me entenda mal. pra q isso n aconteca, deixo claro: n eh contigo. n mesmo.
mas eh engracado, pq conheco milhares de pessoas q fazem jornalismo e defendem essa mesma tese.
mas quem disse, que essas pessoas q criticam, apenas por criticar, tem a capacidade inerente de ser um jornalista. eh apenas uma questao de ilusao. uma ilusao tosca.
e encontram nessas pessoas citadas no texto, um alivio, pq afinal, sao pessoas q criam um porto seguro intelectual pros verdadeiros e nem sempre capazes estudantes de jornalismo.
eh triste vc acreditar q tem talento pra fazer algo, e so ter vc do seu lado. so vc acreditando. e n bastando.
eh claro q isso envolve criterios subjetivos demais, e outras mil coisas.
eu n faco jornalismo, saber o que eh necessario passa longe de mim, mas pelo bom senso q acho tenho e certa amizade com varias pessoas q habitam nesse mundo midiatico, me fez ter algum tipo de opiniao.
ja tive q calar a boca varias vezes pra n cometer algumas grosserias.
eh melhor assim.
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