Texto-primeiro, palavras com medo e um pequeno delay factual

foi um auto-convite, admito. e aqui estou. é claro que, como este é o primeiro texto, seria de bom grado que tivesse qualidade, fosse interessante, atendesse às solicitações esclarecidas por puppet man.
mas é nessa que descamba.
porque hoje, chove, e a calça fica molhada na bainha, de tanto passar em poça, umedecendo a meia, que junto do tênis encharcado, causa uma sensacao desagradável de frio eterno.
esse desvio também poderia ser explicado pelo trânsito intenso no centro da cidade, que forma uma sonata bachiana from hell, mesclando buzinas, motores e o som impossível de entender dos transeuntes que reclamam, e vendem, e compram e reclamam porque compraram.
joga água no feijão ou até uma égua, mistura nessa maravilha, processos com a capa rosa, de quase cinco mil paginas, bolorentas, da idade de avós, falando sobre nada (acontece, acontece), sendo protegidos pelo único casaco do estagiário mais antigo da empresa (eu), restando pro pedaco de pano fino, vulgo "camisa de malha das lojas americanas, duas por doze reais", ser o único anteparo contra a chuva, no corpo dessa pessoa.
cabelo na cara, maldita franja, calça caindo, maldita moda, celular tocando, mão escorregando, pega o aparelho, vai, pega, correndo, atende, a alma bondosa desliga.processos no chão. chuva no céu, e na poça, e na árvore, e na marquise. gota dentro do olho. olha lá, tem uma banca, cigarro varejo, pra relaxar. tem não, tá fechando. mas ali tem.
cigarro aceso. meia molhada. tabaco sem efeito.
vi num filme uma vez, que uma guerra é ganha por quem mantém as meias secas. filme velho, não me vem o nome, vi ainda criança. já perdi várias guerras desde então. não aprendi a lição.
um rapaz me pede pra acender o seu cigarro no meu, eu deixo, ele acende, vai embora, o meu apaga.
agora só o pé molhado.
talvez fosse melhor ter escrito ontem, ou amanha. mas já dá uma idéia.
a forma desse texto me lembrou um guarda-chuva.
tae, guarda-chuva, que invenção. que invenção ...

aconteceu numa terça chuvosa, hoje já é sexta, mas a preguiça me impediu de modificar qualquer coisa no texto, por isso o delay factual.