inútil paisagem

sabe o silêncio que vem depois de uma bomba?

digo bombas, nao cabeção de nego, malvinas de são joão nas mãos de crianças psicopatas, as de efeito moral (grande moral) da polícia, as notas da escola, as de chocolate, etc... bombas de verdade.

tipo iraque. tipo colômbia.

por um acaso, imenso acaso, eu nunca tomei conhecimento desse silêncio. mas imagino. acho que consigo. gosto de acreditar que sim.

ademais, qualquer sala de cinema hoje em dia reproduz com certa facilidade o efeito sonoro. pelo menos é o que eles dizem nas revistas e jornais, quando inauguram uma nova sala, dando aval para o ingresso custar cinquenta e dois reais a meia.

indo ao ponto. da condução e do assunto.

dentro de um ônibus, sendo locomovido, e uma cena que me deixou intrigado.

uma cena que mais parecia um quadro. quadros n se movem neh ? so quando alguém os carrega. mas o que ta pintado, não. talvez se algum líquido cair em cima ...moving pictures, exemplo perfeito.

bem, estava lá, e a viagem acontecia. em média durava uma hora e dez minutos, às vezes, treze, doze minutos. nunca quinze. às vezes dezessete. raramente dezenove.

nesse tempo que passava, as pessoas simplesmente não conversaram. não se moviam. embaladas pelo ronco do motor e pelo calor que causa moleiras inacreditavelmente agradáveis, elas se mantinham uma ao lado da outra, todos os assentos preenchidos, e eu e mais três, de pé, espectadores privilegiados, observando todos, assim, sem emitir som, pio algum, espirro, pigarro, arrumação de cabelo, coçada no olho, barulho de jornal amassando.

nada.

eu me belisquei pra ter certeza que o ônibus não tinha caído na serra, e desse modo, estariamos indo em direção ao limbo, todos, mortos. inertes.

doeu. deus é pai, nao é padrasto.

e foi assim que resolvi testar, nessa atmosfera inóspita, quase um deserto saariano, um experimento coletivo, que já venho praticando há algum tempo.sempre, em multidões, bares, botequins, salas de espera de motel, micaretas, eu mantenho meu pensamento fixo, repetido, usando como mote, frases curtas q deêm a entender a um provável telepata q eu quero estabelecer contato com ele.e foi assim que se seguiu.

fixei meu pensamento, reticente, se alguém aqui estiver lendo pensamentos, os meus, de preferência, levante agora e aperte o sinal. mas faça agora.

agora.

o meu pensamento parecia sermão de igreja evangélica, eu quase gritava por dentro, pra ver se algum me ouvia, até pedir dinheiro (dízimo, né... cada um entende como quer), eu pedia. cheguei a ouvir, saindo pelo meu ouvido, minha voz interior.

mas não liguei pra ela. vive enclausurada, o que ela sabe?

nada acontecia. ninguém se mexia, nem se levantava pra apertar o sinal. eu insitia no pensamento, já cansado.

quando então, uma senhora bem gorda levanta, e passa por mim, se direcionando pro sinal. fiquei ali parado pra ver se ele me encarava. ela me encarou, estabeleci contato, finalmente.

ela me fitou, me enlaçou com o seu olhar obeso. casaria com ela na hora. uma telepata. pensando bem, não casaria não. problemas demais.

veio ao meu encontro, pernas tremeram, ela andava, o chão mexia. além de telepata, era telecinética.

como o chão se movimentava com cada passo dela. que demonstração de poder. um achado.

chegou perto de mim e falou com sua voz de trovão:

menino, colé o ponto do iguatemi?

daqui a dois você salta.

cheguei a uma fácil conclusão: telepatas e telecinéticos frequentam o iguatemi. vou fazer minha experiência lá pra ver se acho outros.

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[Metalinguagem editorial- por Gilberto Puppet]

A leitora Cel França do blog [Palavras que não querem calar] nos agraciou com o selo Escritores da Liberdade. Vide abaixo o que seria este prêmio:

"Todos temos blogs pelo fato de gostarmos de escrever. Por prazer, profissionalismo, ou qualquer motivo pessoal. E a maioria gosta de escrever para liberar algum sentimento profundo, seja ele bom ou ruim. Escreve para se encontrar, para analisar a situação depois de algum tempo, ou naquela mesma hora, e também por essa paixão de pôr tudo no "papel". E estou chamando esses blogueiros de Escritores da própria liberdade. Escritores sim, mesmo que amadores, que escrevem suas emoções, que não guardam tudo para si. Que compartilham tudo com pessoas muitas vezes estranhas(entre as conhecidas)... Escritores que admiro muito, por vários motivos, que se destacam de um jeito único, para cada uma das pessoas que os conhecem. Blogueiros que publicam a sua liberdade de expressão.” (Batom Cor-de-Rosa)

Em nome de todos os Linfonodos, agradeço de miocárdio o carinho com este sítio que ainda nem completou 1 ano de vida binária. Obrigado, Gracias, Thank You e Danke!

Eis os blogs que agraciamos com o mesmo selo:

DopioMCJ
Coração Atrás do Pensamento
Cordel da Muléstia
Película com HD
Conceitual