A minha cultura sobre o mundo cinematográfico dos documentários é patética. Minha curiosidade, imensa. Dizem que documentário é gênero, né. Mas, toda vez que vejo um, a sensação que tenho é a de que é um cinema à parte. Infelizmente não acompanho assiduamente as produções, se eu for bem sincera, direi que é por falta de hábito. E é mesmo. Entretanto, as últimas coisas que vi me deixaram com extrema inveja de quem segue o gênero. Porque, bem, documentários são recortes da realidade, e sempre me fascinou saber sobre tudo e qualquer coisa. Saber por saber, muitas vezes. E como os documentaristas tentam sair do lugar comum, sobretudo através de narrativas interessantes e profícuas sobre questões até mesmo já muito discutidas, além de claro, fazerem escolhas por temas originais, que, lembrando, são temáticas REAIS - o que não dá ao documentário o poder de locutor ou testemunha ocular da verdade, já que, como toda produção humana, é mais uma entre tantas versões que a realidade pode assumir. A realidade (e a verdade) é sempre subjetiva. Digamos que o documentário tem uma função interpretativa na exploração que se propõe a fazer pelo mundo real. Que me desculpem os seguidores da seita "Zeitgeist". Talvez esse tenha sido o único documentário estrangeiro que vi ultimamente, todos os outros foram produções nacionais. Sem exceção, gostei muito de todos.
Não sei dizer se foi o que eu mais gostei (talvez seja), mas é o que eu vi por último, então, por estar ainda muito vivo na memória, "Dzi Croquettes", dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez, me deixou com uma vontade louca de ter vivido na década de 70. Mesmo com a ditadura militar. Quando eu era criança e via o Ney Matogrosso travestido, se serpenteando todo no palco, lembro de me sentir ao mesmo tempo envergonhada e atraída por aquela figura estranha. Ney Matogrosso e toda uma geração de artistas inspiraram-se nessa trupe burlesca dos Dzi Croquettes. Mais do que isso, "Dzi" passou a ser sinônimo de uma maneira de ser que, do vocabulário, às roupas, ao comportamento, influenciou a juventude entre as décadas de 70-80 a afrontar a rigidez social de um país amordaçado pelo regime militarista. O documentário não é impecável, tem seus tropeços, mas vale muito a pena, sobretudo como resgate e homenagem muito merecida àqueles machos-fêmeas que corajosamente purpurinaram nossa cultura sob a égide:
Só o amor constrói.
(Wagner Ribeiro - A Mãe)
2 comentários:
Mambembe, burlesco, andrógino, contestador, vanguadista, provocativo, ARTE!
Achei um naco no seutubo: http://www.youtube.com/watch?v=hJ3Ib_XGXOc&feature=related
Excelentes adjetivos para os Dzi Croquettes, Pu, vc captou bem - e traduziu melhor ainda - o espírito da trupe.
;*
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