Último sábado. O lugar é pequeno. Um tablado de pouco mais de um palmo de altura é o palco. Quatro caras tocam seus instrumentos de frente para pouco mais de cinquenta pessoas. Eles comemoram vinte anos de carreira começados em pequenos bares, tocando para um punhado de gente ávida por contestação. Atualmente, lotam ginásios de jovens e pais de família que cantam até a voz estancar. A banda é o Dead Fish e o palco é o da Audio Rebel, estúdio, loja, albergue e casa de shows carioca. Um verbo une ambos: resistir. Ao tempo e as modices, no caso do Dead Fish, que continua escrevendo e tocando sobre o que bem entende e para a Audio Rebel que persiste sendo um espaço que trata famosos e novos artistas com uma virtude em desuso: respeito.
A divulgação feita à moda antiga, o boca a boca, fez que público e bandas se conhecessem pelo nome. De “velhos do rock”, homens de seus trinta e poucos anos que as obrigações da vida os afastou da música mas que basta o show de uma banda “das antigas” que reaparecem das cinzas. Eles vestem camisas surradas de banda (muitas, na maioria extintas) e de um tamanho que não comporta o manequim atual. Em outro momento da vida, o da descoberta, com seus 16, 18, 19 anos de idade, estão os jovens de hoje, futuros senhores barrigudos e mães tatuadas.
Para poder receber o público sem super lotação, fizeram duas apresentações. O público pediu músicas, falava, batia papo, soltava piadas e uma inversão de papéis, talvez um desconforto inicial, fez com que enquanto os “tios do rock” agitavam, a juventude assistisse compenetrada a um show como talvez nunca haviam presenciado: um vocalista cantando misturado ao público, fora da zona de conforto. Um show de hardcore é assim: o importante é gritar até a veia do rosto saltar.
2 comentários:
Suas fotos são sempre um sucesso.
E curti essa frase "o importante é gritar até a veia do rosto saltar". Totalmente.
Quanto mais eu conheço o "mundo superior", mais em amo e valorizo a galera que faz o verdadeiro underground. Essa quebra de paradigma do palco x público (olimpo e mortais?) é o que define tudo: todo mundo está no mesmo patamar. A pessoa que você vê show pode ser a mesma que você vai trocar ideia e depois beber uma cerveja na esquina.
Estrelismos à parte, logicamente...
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