Eu gosto de procurar gringos na internet pra conversar em inglês. É bom pra treinar e acho o máximo saber como é a vida dos estrangeiros, assim como conhecer novas culturas (nossa, ficou muito perfil de sites de relacionamentos isso). Só que o problema de 80% deles são: 1) Ou eles são loucos tarados que querem fazer strip tease na webcam; 2) Ou/e são uns completos idiotas.
Eu odeio estereótipos de nacionalidades. Muitos estrangeiros imaginam que o Rio de Janeiro é um favelão violento onde sambamos 24h por dia e em que todas as mulheres são safadas. Nós aqui imaginamos as mais variadas sandices de determinadas regiões do mundo também - como do Oriente Médio, América Central, Leste Europeu, Ásia e até dos nossos vizinhos latinos.
Quando penso em Oriente Médio, por exemplo, me vem à cabeça desertos, guerras, homens-bomba, Ahmadinejad e esfihas. Outro dia estava conversando com um cara do Afeganistão que se mudou pros EUA (aliás, perdi o contato dele no Skype, um dos poucos gringos interessantes que já achei na internet) e perguntei se ele gostava de comer esfiha. Ele disse que não sabia o que era aquilo. Mandei uma foto pra ver se ele reconhecia, e ele disse que parecia gostoso mas que realmente nunca havia comido. Ou seja, você não vai achar uma loja de esfiha em qualquer lugar do Oriente Médio.
Outra coisa que acho curiosa é que nós brasileiros frequentemente nos esquecemos que somos latinos. Talvez por falarmos português e o pessoal à nossa volta falar espanhol. Ou por sermos considerados pelo mundo o “vizinho rico”. Mas não é só por isso. Acho que nos identificamos muito mais com os norte-americanos do que com os peruanos. Argentina e Chile também parecem ter esse tipo de pensamento de superioridade em relação aos irmãos latinos.
Creio essas imagens que fazemos de determinados países é “normal”, considerando o privilégio que determinadas culturas têm na mídia mundial. Ok, definitivamente não começarei aqui um discurso antiamericano, até porque eu gosto da cultura deles. Adoro séries americanas e diversas bandas de rock, folk, blues etc de lá. Sou totalmente à favor da antropofagia cultural - como de tudo, digiro o que é bom, vomito o que acho que não caiu bem. Para se ter uma opinião, acho que só assim. Dizer que não gosta de algo porque todo mundo acha ruim ou gostar de algo porque todos acham bom, isso é o que rebanhos sem opinião fazem. E isso não tem valor nenhum - pelo menos não para mim.
O que acho ridículo, e realmente me incomoda, é os brasileiros idolatrarem o estilo de vida americano/europeu e desprezarem nossa cultura, dizendo que nada que é feito no Brasil presta. Tem que ser muito babaca pra dizer uma coisa dessas. O mais vergonhoso é que na maioria das vezes, artistas brasileiros têm que ser reconhecidos primeiramente no exterior para conseguirem ser admirados no próprio país.
O cinema nacional agora está dando uma guinada (saindo um pouco do cercado da Globo Filmes), graças também às facilidades tecnológicas - se tiver vontade e dedicação, qualquer um pode fazer um filme hoje. Até as grandes produções agora estão começando a se diversificar, pois finalmente outros nichos estão começando a aparecer para os patrocinadores, então passa a ser interessante investir em outros mercados. No caso das bandas, no fundo de casa hoje pode-se fazer gravações com qualidade profissional - o que há alguns anos atrás era bastante difícil em virtude dos preços exorbitantes de equipamentos - e criar meios alternativos de divulgação, não tão abrangentes quanto a das gravadoras, mas tão eficientes quanto.
Essa mentalidade subalterna do brasileiro de que tudo o que é feito no exterior é melhor do que aqui, só piora a situação da qual ele próprio é crítico. Isso só estimula produções deploráveis e com conteúdos duvidosos. Óbvio que produtos ruins são produzidos aos montes ao redor do planeta, e também nem acho que um dia serão eliminados por completo. Talvez nem devam ser, e sirvam como um equilíbrio entre arte e pura bosta (sempre tem que existir algo para se criticar, rs).
Está na hora de começarmos a ter voz ativa e pensamento próprio/crítico. Se queremos mudar algo, ficar calado não adianta. Se não gosta de algo na programação, critique. E isso vale para tudo. Se algo te incomoda, bote a boca no trombone/microfone/megafone/interfone/telefone (no email e no twitter também, mas não rima) e faça o mundo inteiro ouvir o seu grito gutural.
Créditos da imagem: autor desconhecido
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Quando penso em Oriente Médio, por exemplo, me vem à cabeça desertos, guerras, homens-bomba, Ahmadinejad e esfihas. Outro dia estava conversando com um cara do Afeganistão que se mudou pros EUA (aliás, perdi o contato dele no Skype, um dos poucos gringos interessantes que já achei na internet) e perguntei se ele gostava de comer esfiha. Ele disse que não sabia o que era aquilo. Mandei uma foto pra ver se ele reconhecia, e ele disse que parecia gostoso mas que realmente nunca havia comido. Ou seja, você não vai achar uma loja de esfiha em qualquer lugar do Oriente Médio.
Outra coisa que acho curiosa é que nós brasileiros frequentemente nos esquecemos que somos latinos. Talvez por falarmos português e o pessoal à nossa volta falar espanhol. Ou por sermos considerados pelo mundo o “vizinho rico”. Mas não é só por isso. Acho que nos identificamos muito mais com os norte-americanos do que com os peruanos. Argentina e Chile também parecem ter esse tipo de pensamento de superioridade em relação aos irmãos latinos.
Creio essas imagens que fazemos de determinados países é “normal”, considerando o privilégio que determinadas culturas têm na mídia mundial. Ok, definitivamente não começarei aqui um discurso antiamericano, até porque eu gosto da cultura deles. Adoro séries americanas e diversas bandas de rock, folk, blues etc de lá. Sou totalmente à favor da antropofagia cultural - como de tudo, digiro o que é bom, vomito o que acho que não caiu bem. Para se ter uma opinião, acho que só assim. Dizer que não gosta de algo porque todo mundo acha ruim ou gostar de algo porque todos acham bom, isso é o que rebanhos sem opinião fazem. E isso não tem valor nenhum - pelo menos não para mim.
O que acho ridículo, e realmente me incomoda, é os brasileiros idolatrarem o estilo de vida americano/europeu e desprezarem nossa cultura, dizendo que nada que é feito no Brasil presta. Tem que ser muito babaca pra dizer uma coisa dessas. O mais vergonhoso é que na maioria das vezes, artistas brasileiros têm que ser reconhecidos primeiramente no exterior para conseguirem ser admirados no próprio país.
O cinema nacional agora está dando uma guinada (saindo um pouco do cercado da Globo Filmes), graças também às facilidades tecnológicas - se tiver vontade e dedicação, qualquer um pode fazer um filme hoje. Até as grandes produções agora estão começando a se diversificar, pois finalmente outros nichos estão começando a aparecer para os patrocinadores, então passa a ser interessante investir em outros mercados. No caso das bandas, no fundo de casa hoje pode-se fazer gravações com qualidade profissional - o que há alguns anos atrás era bastante difícil em virtude dos preços exorbitantes de equipamentos - e criar meios alternativos de divulgação, não tão abrangentes quanto a das gravadoras, mas tão eficientes quanto.
Essa mentalidade subalterna do brasileiro de que tudo o que é feito no exterior é melhor do que aqui, só piora a situação da qual ele próprio é crítico. Isso só estimula produções deploráveis e com conteúdos duvidosos. Óbvio que produtos ruins são produzidos aos montes ao redor do planeta, e também nem acho que um dia serão eliminados por completo. Talvez nem devam ser, e sirvam como um equilíbrio entre arte e pura bosta (sempre tem que existir algo para se criticar, rs).
Está na hora de começarmos a ter voz ativa e pensamento próprio/crítico. Se queremos mudar algo, ficar calado não adianta. Se não gosta de algo na programação, critique. E isso vale para tudo. Se algo te incomoda, bote a boca no trombone/microfone/megafone/interfone/telefone (no email e no twitter também, mas não rima) e faça o mundo inteiro ouvir o seu grito gutural.
Créditos da imagem: autor desconhecido
8 comentários:
oi prima!
concordo que existe essa desvalorição do produto interno. um exemplo..
tô morando em Paris e essa semana fui assitir o show do Curumin aqui. fiquei impresionada!
os gringos cantando as letras num português quase bom, enquanto que no Brasil, mesmo entre a galera da nossa idade... ninguém tem idéia de quem ele seja...
Paris? Sucesso total!
Curumin é o máximo. Tava pensando neles também quando escrevi esse post. Outro exemplo é o Nação Zumbi que é idolatrado lá fora, e aqui, embora muita gente conheça, não é uma referência pra todo mundo.
Inteligente!!Parabéns!
ahahaha essa foto é muito boa.
Parabéns! Ótimo texto e excelente blog. Um abraço.
www.pervitinfilmes.blogspot.com
Boa! As ciências sociais me ensinaram que humanidade é "antropofágica" por natureza. Não existe uma cultura estabelecida no planeta que não tenha feito um intercâmbio de conhecimentos, pelo menos, uma vez em sua história.
Creio que essa mentalidade "importado que é bom" do brasileiro está mudando assim como a própria comunidade internacional já vê o Brasil com outros olhos. É bom que a nação deixe de ser vista apenas como um par de coxas. Seja a dos jogadores de futebol, ou as das "mulata".
No mais, vou me lembrar de levar minhas próprias esfihas quando for para o Oriente Médio.
Essa querele é véeeeeia!!! Tô pra descobrir ainda de onde vem essa "glorificação do outro"...? Dos índios? Portugas? Bem... O carioca fala "chiando" por causa da vontade de imitar o outro, de ser o outro (o outro = portugueses). Quantas outras coias nós não consumimos do outro?
P.s: Estrangeiro sem ser ninfomaníaco... Hum... Só aqueles que procuram o Brasil pelo Brasil mesmo... E esses são bem difíceis de achar a esmo na rede.
Ops, querela, querela... rs.
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