Acredito que toda pessoa com poder de enxergar o próprio destino sinta uma sensação tão angustiante quanto a de um maquinista que vê que seu trem haverá de descarrilar alguns metros à frente e, mesmo assim, não possui capacidade para diminuir a velocidade ou sair dos trilhos. Todos os profetas devem ser melancólicos crônicos.
Lá nos idos de março de 2006, escrevi em minha coluna no site Consciência Alternativa (que voltará repaginado em breve, palavra de escoteiro) como o mundo do rock underground no Rio de Janeiro se deterioraria até que se extinguisse por completo e/ou desse a chance para que outra geração de produtores, bandas e público se renovasse. Batizei a crônica pseudo-profética de O apocalipse do underground segundo São Puppetus me baseando nas frases desse evangelista apócrifo que só existe na minha imaginação (o que não o exime da capacidade analítica). Vide:
"As trevas tomarão conta do Cenário Underground carioca, enchendo os corações dos bons organizadores de descrença (“você acha que eu vou continuar fazendo eventos que eu não ganho nada e só me dão estresse? Tá maluco!”) e maus fluidos persuadirão os freqüentadores dos eventos (“Toca Nirvana! Iron Maiden! System! ). Bandas boas irão perecer, cansadas de lutar por uma causa aparentemente perdida: O Não-se-vender. E esta época marcará o fim do underground que hoje nós conhecemos e, estranhamente, também marcará o seu renascimento.
Após as trevas, nós teremos o ecumenismo dentro do cenário: nada mais de grunges contra punks, punks contra emos, emos contra headbangers, headbangers contra indies etc (aliás, não existirão mais rótulos). Deixaremos as nossas diferenças de lado (que nem são tantas, na essência) e fortaleceremos a cena já massacrada por um dos Cavaleiros deste Apocalipse: A Intolerância.
O Estrelismo, outro dos cavaleiros apocalípticos, também haverá de ser ceifado do vocabulário e da vivência de qualquer integrante de banda independente, pois até lá todos entenderão que todos estão no mesmo barco e que humildade e cordialidade são essenciais para a sobrevivência do meio.
O juízo final chegará com toda a sua fúria para aqueles vislumbrados que acham que fazer hardcore é ter uma banda com levada de bateria chá-com-pão, músicas com temáticas da sétima série (que agradam fãs das revistas Capricho da vida) e transmitidas por adolescentes (da mesma série) que parecem recém saídos de uma micareta. Também haverão de ranger os dentes os organizadores de eventos que acham que devem lucrar em cima da banda sem repassar pelo menos parte do “arrecadado” para a mesma, as obrigando a vender ingressos se quiserem tocar em seu evento e a arcar com o preço destes caso não consiga.
Então façam vigília e aguardem, pois haverá de chegar o dia em que as bandas de trabalho próprio não serão mais ofuscadas e menosprezadas quando tocarem no mesmo evento em que estiverem tocando bandas cover.
E, a partir deste dia, provaremos que a cultura independente é auto-suficiente e que a nossa vontade é capaz de prevalecer sobre a voz do jabá e do senso-comum.
Quem viver, verá."
Críticas à parte sobre a existência plena do cenário underground carioca hoje em dia , é notório que apenas a pior parte da profecia já parece ter sido cumprida, com consequências que resvalaram também no upperground (mainstream, se me permitem o neologismo) quando se observa que todas as grandes atrações e eventos internacionais tem relutado ou encontrado cada vez mais dificuldades de se apresentar no estado que tem a pachorra de se dizer o cartão postal do país. Mas isso é assunto para a próxima parte dessa análise, que será postada em breve caso nenhuma força maior (lê-se: os que se beneficiam com toda essa situação) me impeça de relatar por aqui as táticas mais usadas por aqueles que ganham dinheiro com o trabalho alheio. Como tem sido por aqui desde 1500.
34 comentários:
Ao mesmo tempo que é triste, é esperançoso.
São Puppetus, abriu nossos olhos, nos fez enxergar!!
Muito foda brother!
Puppet, esse tempo e essa decadência é apenas um funil, um processo de seleção natural do qual só sobreviverão os bons. O underground está cheio de bandas boas. Aqui no Rio não se dá valor a elas, mas em outros Estados a coisa é diferente. Como o mainstream carece de ídolos, a tendência é continuarmos na luta pois, em algum momento, por osmose, passaremos para o lado de lá.
Ótimas palavras.
E o que faremos e falamos sobre casos como este?
Levanto a discussão:
http://tinyurl.com/kr8bjo
complicado meu rapaz ...
isso eh bem complicado.
eu acho q sempre vai ter alguem.
esse alguem, com iniciativa pra fazer, sempre surge.
o problema sao os varios alguns, a audiencia, os espectadores.
ae reside o problema
Cara, mesmo que a audiência se resuma aos outros músicos/artistas e aos seus apoiadores (os ouvintes não músicos mas que estão engajados [nossos amigos, parentes, etc]), pelo menos é uma audiência. Uma cultura.
concordo com o fabricio...gente pra fazer..surge em algum momento...o lance é conscientizar a galera....agora como?
bom isso cabe (desculpe a falta de modestia)a nós, os "fazedores"...
so nos resta saber como...rs
É por isso que estamos aqui, os formadores de opinião.
Discutir é a melhor forma de produzir.
prefiro pensar em nós como criticos da opinião alheia, e que formem suas opiniões sozinhos...rsrsrsrsrsrsrs...
O que acharam da multa de U$675.000,00?
Caro P, me tira uma dúvida? vc colocou assim:
"o lance é conscientizar a galera....agora como?bom isso cabe (desculpe a falta de modestia)a nós, os "fazedores"...so nos resta saber como...rs"
Não seriam os "fazedores" os tais conscientizadores do lance?
Mas depois vc coloca que prefere ser apenas um "crítico da opinião alheia, sendo mais legal que as pessoas formem suas opiniões sozinhas, certo?
esses "fazedores" e os "críticos da opinião alheia"(que se abstêem de ser formadores de opinião) podem ser os mesmos elementos?
Em caso negativo, quem vc escolhe ser nesse maravilhoso mundo livre?
Ih Sérgio, isso me levou a fazer o cálculo de quanto dólares eu estaria devendo...estou preocupado (NOT, hehe)
Acredito que todo "fazedor" acaba sendo um crítico da opinião alheia de certo modo. Se o cara faz, no sentido do Fazer como sinônimo de "busca por uma originalidade", é porque ele, internamente, criticou um "statu quo" até que decidiu seguir a filosofia "pânque" do "faça você mesmo", mesmo que não obtenha sucesso.
Claro que, dependendo das palavras que se usa (ou da forma que se age) acabamos pendendo mais para algum dos lados, já que esta parece ser uma discussão entre o que é TEORIA e o que é PRÁTICA, apesar da minha pessoa considerar uma coisa altamente dependente da outra, como corpo e alma.
E, Fabrício, Deus salve esse alguém que sempre reacende a chama. Incêndios podem começar com apenas uma faísca.
Desde que exista combustível.
é.. não tenho muita esperança naum cara. pode melhorar um pouco mais as estruturas e o acesso como já vem acontecendo lentamente. A estrutura lentamente, o acesso é bem fácil pela internet.. mas acontece tb... q há coisas de mais por ae.. e publico de menos ... e quando há quantidade o mesmo não se pode verificar na qualidade. Pessoa interessadas e envolvidas. Nego muito mal presta atenção no q tá tocando. Não basta só as bandas e os organizadores se comprometerem com underground e a cena se o publico e a massa não se compromete. E n tem q ser forçado, o ideal é que fosse natural. Mas.. ainda tem muita coisa envolvida.. a questão economica e cultural e tals.. enfim.. não faço previsões e tb naum tenho grandes esperanças. O rock não morre, fato. Contudo, preferia mil vezes a minha época.
Nego muito mal presta atenção no q tá tocando. Não basta só as bandas e os organizadores se comprometerem com underground e a cena se o publico e a massa não se compromete.
Julyblind, já parou pra pensar o porquê disso que você falou? Foi justamente aí que eu quis alfinetar-vos no meu primeiro comentário.
As pessoas não prestam atenção no que está tocando porque o que está tocando não as toca. Simplesmente.
Está faltando voz, identidade aos trabalhos das bandas. Eu acredito piamente que, se o que vc faz no palco e no seu disco contém verdade, isso vai tocar os outros. É impossível não prestar atenção no vocalista que transparece aquilo que canta. Assim, quando você o ouve, você se identifica. As pessoas se identificam.
Os grandes movimentos de rock foram assim. Sempre. Inclusive no Brasil, nos anos 80. Já pararam pra pensar na grande virtude da Legião Urbana, por exemplo?
E aí?
Para mim, há 3 problemas "matriz" que comprometem toda a hierarquia, se assim podemos dizer, que leva até o sucesso, mas ao mesmo tempo são indispensáveis para o alcance do mesmo.
Movimento, publicidade e o network.
Movimento - A cena do momento, hoje em dia, emocore, em geral, hip hop, funk, axé.
Publicidade - Muitas bandas têm uma publicidade forte, até mesmo no underground, e com muito suor conseguem publicidade dos grandes meios de comunicação.
Network - É o famoso QI,o qual com algumas exceções não ocorre, mas funciona mais como uma etapa intermediária da publicidade, não sendo obrigatória, apesar de muito útil, para o sucesso de uma banda.
Entretanto, uma coisa apenas, não faz uma banda ter sucesso. Apenas a publicidade e o movimento juntos deslancham uma banda.
Portanto, não adianta ter uma banda cheia de publicidade que não se encaixa no movimento da cena, como também não adianta uma banda que se encaixa na cena e que não tem publicidade. Então, sugiro criarmos ou cultivarmos uma cena que seja agradável a todos e que a publicidade seja feita como deve ser.
A gente tem que jogar o jogo como ele é jogado.
Sim Puppet, vc certamente se morasse nos EUA, deveria toda a grana injetada pelo governo americano para salvar a economia...
Vc escolheu ser um formador de opinião. Seu talento impresso nos textos, e a característica marcante da pertinência, provoca um rebuliço nas pessoas. As reações são diversas. Algumas propagam essa tal faísca transformando-se em chama que tem força pra quebrar a inércia que é um dos maiores obstáculos para que as pessoas pelo menos tentem atingir essa sonhada demanda da melhoria das coisas. Outras se satisfazem com o saudosismo, e são incapazes de utilizar aquele sentimento bom que encheu o seu peito vazio(não tinha nada mesmo, nenhum motivo pra lutar)pra tirar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa.Mas não.Preferem continuar estagnados esperando dias melhores que não terão valor nenhum pra si quando chegarem, pois escolheram não lutar por eles.
Obrigado Puppet, por vc ajudar a formar a minha opinião.
bicho como preconizam as correntes filosoficas mais confiaveis... um bom pensador tem uma otima pergunta não uma otima resposta..posso ter me expressado errado..mas pra mim o "fazedor' é aquele q joga a questão no ar... e disso construimos algo..sito o exemplo do linfa que tem cabeças dispares, em das muitas ocasiões pensam totalmente diferente..mas a partir disso tentamos construir um pensamento comum, ou melhor vertentes aceitaveis.. verdades , pois seria, e aqui uso uma premissa que me atinge em cheio "não existe uma só verdade" (sou daqueles q deseajam verdades absolutas)...mas de resto... salve puppet... salve fabricio rsrsrsrs... e viva o underground...
Precisamos dessa faísca, daquele fervor juvenil que usa camisa do che guevarra escuta um bom som no talo e ainda acredita que vai mudar o mundo.
Fala P! Foram legais as perguntas neh?!mas, estou longe, muito longe, de ser um bom pensador ou pregador de uma corrente filosófica confiável. Eu concordo com Puppet que, podem ser os mesmos elementos: o "fazedor" e o "crítico da opinião alheia". Diante disso ainda temos uma 3ª pessoa, o "crítico da opinião alheia que acha mais legal deixar as pessoas formarem sua opiniões sozinhas". Como seria na prática esse elemento que critica por criticar? Seria aquele que veste a camisa do Che(sem saber ao certo pq), escuta um bom som no talo (isso é tão maneiro quanto usar aquela linda camisa)e acredita que pode mudar o mundo mas não faz nada nem pra torna-lo um pouco melhor?
A vida é feita de escolhas e até não escolher o que a gente quer ser, já é uma. A boa notícia, nesse sentido,é que toda escolha envolve apenas comportamento, e comportamento é uma habilidade desenvolvida.Uma habilidade não é uma faculdade, portanto, não existe desculpa para não desenvolve-la dentro da sua possibilidade por menor que seja. Fico encantado com o que todos esses comentários produziram em minha mente e tenho certeza que por maior que seja a visão e o entendimento de cada um separadamente neste debate, ela jamais será igualada a soma de todas as experiencias de cada indivíduo.
Tudo isso que a gente abordou, inclusive essa ultima colocação do Romulo, resume uma problemática universal que vivemos. Isso não se restringe à música. Se estende às mídias. Passamos para o nível comportamental da coisa.
Precisamos de atitude!
Vamolevantáabundaefazêalgumacoisa!
Nada contra os "pânquis", mas é muito mais do que "do it yourself"!
daquele fervor juvenil que usa camisa do che guevarra escuta um bom som no talo e ainda acredita que vai mudar o mundo.. esse tipo de faisca ae eu realmente dispenso porque é inutil. é alguma coisa mt adolescente e idiota apesar de divertida. Tem um monte por ae. Pra zuar e curtir o rock... basta por a camisa do che guevara e achar que vai mudar o mundo. mas pra que aja uma cena e para que o underground se fortaleça é necessario pessoas que questionem mais e se comprometam. Pensem por si mesmo (sem maiores afetações), tenham senso critico e sensibilidade. Eu não concordo.. há bandas boas sim, que passam verdade no que fazem e ainda assim a coisa não flui.. o publico não nota, ou desfaz por não ter o rotulo desejado (convencionado). Gente sem um pingo de sensibilidade. E nem to entrando na questão da banda ser tecnicamente boa ou não... enfim.. sei lá.. isso aqui tb naum leva lugar nenhum até porque ta cada um querendo impor seu ponto de vista e solução q bom não surge... (se vai apontar um problema aponte tb uma solução) mas a discussão é saudavel.. eu adoro por isso vo continuar rs
outra coisa.. não pode ser forçado.. tem que ser natural...
Porque será tb que tem gente q não repara em certa banda enquanto está se faz presente no underground e logo depois que ganha uma evidencia na midia nego começa a pelar o saco??!! então a identificação só surge atraves da midia?? deve ser porque as massas andam muito teleguiadas.
acho que começa.. nisso ae... "faça vc mesmo" isso é só o começo. Ma s como eu nao faço nada.. to pouco fudendo pra o que vai acontecer com cena hahahahahahah tchau!
eu acho q se criou um romance ...
o rock e suas discussoes fervorosas, com suas contradições e paradigmas, no fim, acabam criando o amor.
quase chorei com isso tudo. rs.
E eu estou que nem Caetano, achando tudo LINDO.
"faça vc mesmo" ...lindo isso... e acho q esse sentimento pueril não deve ser perdido...pois se o perdemos..ascabamos passando a vida atrás de maquinas..estéreis...
hmmmm..isso me soa familiar...rsrsrsrs...
enquantp ao romance..hmmm...herança da boa igualdade, liberdade e fraternidade...ideologias q comemoramos nesse ano de 2009..lindo isso não...rsrsrs
e cito aqui um grande filosofo Zack de la rocha : "o ódio é uma dádiva"
rsrs
Julyblind,
não entendi a sua postura. Você no primeiro post falou da falta de comprometimento do público. No segundo post, reiterou. Logo abaixo, você disse que está se lixando para a cena. Então por que criticar os alienados? Não seria essa sua atitude uma forma de alienação?
Tudo bem, todos têm o direito de cansar. Nos meus quase 10 anos de underground carioca, vi muita, mas muita gente sucumbir. Gente talentosa de verdade que hoje, sequer pega na sua guitarra (até pq muitos se desfizeram de tudo e não levam a música sequer como hobby).
Agora, o que houve? Você cansou?
Fabricio,
vi que você é vocalista da banda Vulgare, certo?
Você disse no primeiro post, assim como a Julyblind, que o problema é a audiência, certo?
Mas e aí? Como você consegue cantar para pessoas que não estão nem aí para o que você faz? Como você encara isso e o que te motiva a insistir nessa vida?
Só pra ilustrar o que eu estou falando vou contar um caso que aconteceu com o Tchopu, e o Romulo pode confirmar. E não estou defendendo a massa, sequer tentando impor meu ponto de vista. Estou apenas debatendo uma ideia com pessoas inteligentes que se propõe a gastar seu parco tempo aqui neste blog, igualmente inteligente.
Num festival que agora não me lembro o nome, em caxias, havia 1200 pessoas. Um festival que custava 2 reais a entrada. Durante o show do Tchopu, a galera pirou. Gente subiu no palco, deram cerveja pro Romulo, etc.
Ou seja, na Baixada e no subúrbio tem gente a fim de curtir um som.
Nada está perdido.
E aí, caras pálidas?
Bicho, Na baixada a coisa ferve mesmo, nunca entendi o pq... será a distancia dos "centros" onde tudo rola? sei la.... quando tocava com uma banda cover de sepultura por la, ao contrario dos fesivais de bandas com som prórpio, conseguiamos, vam para transporte, algum cascalho (sério) e até umas cevas por fora, a estrutura dos shows tb eram muito fodas..vide tomarock, lava a jato de bangu , florença rock clube todos lugares longes demais..em relação a nós, mas que lotavam e nego pogava até fazer bico... estranho mesmo esse fato ...seria o caso de atentarmos a regionalismos??? carencias (não no sentido afetivo ou romantico da palavra)?
Á Puppet , quando eu crescer quero ser que nem vc! rsrsrsrs
P,
você falou algo interessantíssimo.
Sim, estamos lidando com as carências. Já viu como é o inverso na Zona Sul da cidade? Até hoje não encontro uma explicação plausível.
Gente, só insisto nessa discussão porque quero saber se sou o único a querer fazer algo. Se sou o único que ainda pensa assim. Me deem o melhor de vocês, pô!
E Puppet, apareça aí na discussão pô. Nada de caetanear. Caetano parou no tempo. O Brasil dele não existe mais...
É que meu tempo é curto (estágio...) e estou recolhendo material para a parte II dessa postagem, não quero "queimar" tudo aqui hehe. Mas vamos lá.
Por ser um roqueiro andarilho (lê-se POBRE, hehe) e fanfarrão, Sempre conheci (pouco, mas dei meus baques) e defendi o conhecimento de lugares aonde o rock ocorria longe daqui.
Infelizmente Jpa é um local geograficamente e culturalmente alienado do que ocorre pela cidade e, quando aqui estava se tornando uma "nova Seattle" pelo número de bandas e de shows, com cinco a seis eventos por final de semana (!!!), isso acabou piorando. Ninguém (lê-se a grande massa) mais saía daqui para evento algum que precisasse pegar ônibus. Acabou que muita gente não ficou sabendo o que ocorria além da Linha Amarela e não conheceu esses locais que tinham uma cultura roquenrôulica muito mais antiga que a nossa, em termos gerais.
Jacarepaguá ainda tem muito o que aprender.
ora, exatamente o q eu disse. Mas sou paradoxial mesmo. É... estou alheia sim mas não me impede de enxergar o que ocorre. Muito menos opinar sobre os que são proprios do meio. Eu não sei bem como é lá pra baixada mas dizem q o publico de lá realmente participa. Cheguei a ir a um show em caxias uma vez.. há tempos atras.. n me lembro o nome do lugar, e verifiquei o mesmo. É cansei... n to mais nessa. N acredito mais, não faço mais parte. Ainda vo há um show ou outro.. mas n tenho mais o comprometimento que tive um dia. Assim como puppet ia onde quer que fosse para ver um show de uma banda que gostasse (e não eram poucas), incentivava, trocava idéia, participava, ouvia, propagava, consumia, pagava pra entrar sem achar isso um absurdo. Porque tem gente que acha um absurdo pagar para assistir um show underground. Ainda gosto, mas definitivamente é cada vez mais do mesmo... bandas que parecem mais cover de outras bandas. As bandas que gostei ainda gosto, mas pouca coisa de novo me toca. Um saco. e tb acho q já parti pra uma questão pessoal, continuo ouvindo e gostando de rock mas desisti do undergroud, sinto pouca verdade nele. Mas o que não quer dizer q não exista, EU, apenas n sinto. Ainda há bandas boas, autenticas. mas a quantidade de merda é redobrada tb.
ahh com certeza.. jacarepagua é um problema sério..
Hahaha... Virou chat!
Eu lembro dos tempos que Jacarepaguá era Seattle, hahaha! Foi bem divertido, mas não tenho saudade não, apenas boas lembranças. Mesmo existindo uma "cena" aqui, o povo já era alienado, e continua sendo. As pessoas têm medo de coisas novas. Muitas pessoas aqui continuam ouvindo/ fazendo/ sendo as mesmas coisas. Não querendo generalizar, mas já generalizando, muita gente nesse bairro tem problema em se atualizar: ficam sempre indo pros mesmos lugares merdas e ouvindo badinhas ruins, achando que é o máximo. C-A-N-S-E-I de vcs... Se Jacarepaguá tivesse metrô, ia ser um avanço pra nós, os outsiders do underground [gostei disso].
O problema todo de hoje é essa mania chata de vangloriar o que é "rebelde" só por ser "rebelde". O talento cada dia mais é jogado no lixo, por muitas bandas, e o problema é o endossamento de muitos à essas práticas.
Aguardando pela parte 2 do post...
...está chegando a aurora ... já já estarão construindo milhares de teatros e salas de espetáculos em que os lugares mais caros terão as cadeiras de costas para o palco ... nas áreas VIPs, todos beberão cerveja açucarada até a diabetes chegar e por fim a este porre sem graça ... ninguém gostará dos melhores shows em cartaz e os piores terão seus ingressos dados de graça, baixados em downloads ... todos estarão em primeiro lugar nos hit-parades e o maior superstar gravará discos que só ele escuta e fará shows que só ele assistirá em cima do palco ... todos terão sua própria banda, sua própria gravadora e sua própria rede de distribuição; mas ninguém venderá nada para ninguém nem comprará nada de alguém ... o underground vai virar "beyond the surface" ... bastará entrar numa loja e comprar uma camera de video para que o sujeito se torne diretor de cinema ... ninguém mais lerá livros nem jornais ... todos assistirão tevês cujos conteúdos serão gerados por safe-cams ... aquele que se incomodam com o cheiro dos fumantes, aos quais desejam reprimir e isolar, nada poderão fazer quando o cheiro do tabaco for substituído pelo da pólvora: há quem diga que armas de fogo são preferíveis aos facões rodesianos ... e no underground carioca as garotas serão as últimas estrelas do segmento, namorando umas às outras para desespero dos garotos rebeldes sem causas nem efeitos ... um dia, a utopia volta e todo esse nihilismo pós-moderno vai parar no ralo ... e ele estará entupido!
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