Onde termina o homem e começa a máquina? Onde termina a máquina e começa o homem?
Esses questionamentos inerentes ao inconsciente coletivo há tempo considerável tornam-se cada vez mais presentes no cotidiano da humanidade. Vivemos em ambientes cada vez mais tecnologizados, que proporcionam tanto a empolgação de poder acompanhar e compartilhar todo o tipo de informação nesse mar infinito de hipertextos e hipermídias chamado ciberespaço ("se não consta no Google, não existe"), como trazem o receio da tecnologia como invasora do corpo e contaminadora da alma, que inspirou uma pá de roteiros sci-fi. Até onde vão os limites do controle do homem sob sua própria criação? As rédeas feitas de cabos usb (ou fibra ótica, você escolhe) serão suficientes para enlaçar esse universo que se expande freneticamente, em direções múltiplas como a jornada de cada pedacinho de uma granada? Como absorver mentalmente tantos dados e não terminar num hospício?
Dentro dessas concepções e imaginários, a exposição Meias Verdades, em cartaz no Oi Futuro, propõe um questionamento dos limites entre realidade e ficção e uma reflexão sobre a ambiguidade dos fatos. Há instalações de três artistas franceses: Pierrick Sorin , Sophie Calle e Valérie Belin.
Pierrick Sorin é autor de duas videoinstalações super criativas protagonizadas por ele mesmo. Em uma, Sorin interpreta dezenas de papéis, caracterizado como cantor, Papa, feitor, mercadante, entre outros, passando em barquinhos sequenciais no ritmo de uma música hipnótica (fica até difícil de explicar, você tem que assistir!). Na outra, com um certo quê de Hermes e Renato, ele interpreta pessoas comuns utilizando e explicando tecnologias fictícias surreais, que em alguns momentos arrancam risadas.
Sophie Calle apresenta o vídeo “Double Blind”, que narra os conflitos de um casal durante uma viagem de carro. O diferencial é que a qualidade da filmagem é baixa, parecendo de webcam ou super-8. Apesar de eu ser da geração You Tube, gerou um certo conflito ótico quando assisti. Às vezes, a cena dava uma travada quando priorizava algum objeto, remetendo um pouco também à linguagem das graphic novels. É um modo diferente de contar uma história.
Mas a que mais chamou minha atenção foi a galeria de fotos da Valérie Belin. A artista misturou fotos de mulheres reais e androides (que têm aparência humana, mas são de mentirinha). Saí encucada de lá sem saber quais eram verdadeiras (se é que alguma era), até porque as que pareciam mais humanas estavam com uma maquiagem que imitava uma pele plástica (estilo Barbie) e lentes de contato coloridas. Rodei umas três vezes pelo salão, mas não cheguei a nenhuma conclusão fatídica. As imagens que ilustram o post fazem parte dessa exibição. E aí, quais são suas apostas?
Dica: se você quer mergulhar nessa discussão homem x máquina e arte + tecnologia, no térreo do Oi Futuro há uma biblioteca com livros especializados (de autores como Marshall McLuhan e Pierre Lévy - que se tornaram meus amigos íntimos após a feitura da monografia). Ah, também tem internet wi-fi no local.
Até o dia 28 de junho, nos níveis 2, 3 e 4 do Oi Futuro (Rua Dois de Dezembro, 63 , Flamengo,Rio de Janeiro), de terça a domingo das 11h às 20h. Entrada franca. Para mais informações, acesse o site oficial.
5 comentários:
pô, as imagens são bem reais, sim.
mas te falar que não dá pra confundir, não.
pelo menos pelas fotos elas parecem manequins.
é claro que são perfeitas as cópias, acho que falta aquele quê de humano, sabe?
são manequins as três na certa.
por detalhes mínimos vc tem como pegar mas não tem como negar:
São muito reais!
Então, gente... A ideia da exposição era realmente causar essa confusão entre real e artificial. No meio das cópias estão pessoas reais "disfarçadas", sem aquele "quê de humano". É pra causar estranheza mesmo.
Eu pegaria geral.
HAHAHAHA! Melhor comentário ever!
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