Estive na exposição de fotografias Ser jovem na França, que está acontecendo na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. A mostra, que apresenta 104 obras realizadas por 28 fotógrafos, integra a série de eventos em comemoração ao Ano na França no Brasil e o FotoRio 2009.
Me identifiquei bastante com as fotos. Alguns olhares parecem vasculhar o seu interior à procura de respostas ou, quem sabe, estar tentando ler os seus mais profundos pensamentos. Em certos momentos, ao ver o meu rosto refletido no vidro que envolvia as peças, me sentia como o jovem ali revelado.
Me identifiquei bastante com as fotos. Alguns olhares parecem vasculhar o seu interior à procura de respostas ou, quem sabe, estar tentando ler os seus mais profundos pensamentos. Em certos momentos, ao ver o meu rosto refletido no vidro que envolvia as peças, me sentia como o jovem ali revelado.
A exposição é do tipo intimista, em que você olha cada quadro com atenção, buscando detalhes e interpretações alternativas, ao mesmo tempo em que as lembranças da própria juventude são acessadas pelo cérebro, sem que você consiga impedi-lo. O segredo para a empatia gratuita é um conjunto de personagens reais, que se parecem comigo, com você e com seu vizinho – e que também não se parecem nem um pouco conosco.
A juventude no convento. Jovens privados da intimidade física por escolha própria. Jogam futebol sem preocupações, com seus tênis modernos por baixo das batinas, com os ares de quem não tem arrependimentos. A rigidez e a modernidade de dois tempos com propostas deveras divergentes, convivem. No quarto, uma cruz e uma pequena foto pregadas nas paredes alvas.
A descoberta recente da própria nudez num espelho embaçado.
A necessidade do trabalho. Jovens garçons e garçonetes, com plaquinhas que os identificam presas ao uniforme, confrontando com seus modernos piercings reluzentes.
O silêncio da biblioteca (porque não existe melhor lugar para se perder na própria solidão).
As festas, a bebida, a música... Os excessos que destroem e, ao mesmo tempo, ensinam. A dificuldade de assumir os erros. A dificuldade de superar transtornos que limitam o corpo e a alma por tempo indeterminado (ou, infelizmente, para sempre – a palavra mais temida).
O grafitti no muro. A rebeldia. Um jeito estranho de amar e odiar o mundo simultaneamente: um liquido homogêneo encarado por horas e horas seguidas, e que não leva a conclusões definitivas e nem dissociativas.
Apesar de ser jovem em um país como a França, de primeiro mundo, diferir completamente de o ser em um país de terceiro, esquecido pela humanidade, os conflitos são similares. Ser jovem é simplesmente (ou complexamente?) o ser em qualquer lugar. Divergências culturais e condições financeiras à parte, as incertezas e a candura estão lá. No canto do olho do retrato em preto & branco. Nos tênis dos seminaristas que jogam futebol. No abraço sincero das amigas. Nos jovens deitados na grama reluzente em um dia ensolarado. Nas meninas banhistas, separadas em três quadros postos lado a lado. Afinal, ser jovem é ser naturalmente diferente: é estar sempre sozinho mesmo numa multidão de semelhantes.
Até o dia 17 de maio, na Galeria 3 da Caixa Cultural (Av. Almirante Barroso, 25, Centro, Rio de Janeiro), de terça a sábado das 10h às 22h (aos domingos até as 21h). Entrada franca.
3 comentários:
opa! vo conferir... com certeza... talvez até amanhã mesmo.
parabens gentem.. o zine tá uma beleza!
Excelente post Débora! Escutei falar dessa exposição e acho que vc conseguiu mostrar com palavras do que se trata.
Abraço!
Sucesso! Tentarei ir antes que a data expire (ah este tempo escasso...) só senti falta de mais fotos no post, mas é bom que nos instiga a ir ver a expô.
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