"Garota, nem pense em entrar nesse túnel!"

Coraline e o Mundo Secreto
Henry Selick, 2009

Quando se pensa em animação, na cabeça vem logo os filmes da Pixar, não é? Em 2008, filmes como "Wall.E" tocaram corações de crianças e adultos (que se divertem mais do que os pequenos), provando que a Pixar sabe muito bem fazer o que faz há mais de vinte anos.

Porém, quando aparece um filme como "Coraline" (no original), que não é da Pixar, e você diz "cara, como isso é bom!", prova que não só a fábrica de animação que todo mundo ama pode fazer filmes excelentes.

"Coraline" é de Henry Selick, o mesmo diretor de "Estranho Mundo de Jack". Quem pensou "Coraline também deve ser do Tim Burton" errou. Este não tem a mão do diretor que todo mundo ama por fazer filmes mega esquisitos/góticos. Selick tem um olhar parecido, simplesmente. Gosta do retorcido, do sobrenatural. E só para aumentar a lista de referências, o roteiro de "Coraline" é baseado em um livro do mestre da fantasia Neil Gaiman. Não sei o quanto é baseado, porque para mim, o livro deve ser ainda mais sinistro.

A história de "Coraline" é sobre uma pré-adolescente, muito curiosa e um tanto bisbilhoteira, que sai da cidade grande e vai morar com os pais em uma casa/condomínio. Os pais são críticos literários de jardinagem, vivem ocupados e não dão à menina a devida atenção necessária. Os vizinhos são tipos exóticos, como duas senhoras com pinta de vedetes que mesmo na lama ainda se vestem como nos tempos de ouro, e um senhor russo que tem um circo de ratos saltitantes.

A menina, em meio a esse universo psicotrópico, abre uma pequena porta escondida dentro de sua casa, e através dela, encontra um mundo paralelo ao seu. Lá, ela tem uma outra mãe, um outro pai, e outros vizinhos. Todos com botões no lugar dos olhos. E oferecem a ela um mundo colorido, vivo, cheio de diversão, comidas gostosas e principalmente, em que Coraline é o centro das atenções. Inicialmente, o mundo paralelo parecia anos-luz melhor do que o seu, o que, ela descobre, não ser necessariamente verdade.

Um belo lembrete, principalmente àqueles que querem levar crianças pequenas para verem o filme, é que ele é mais sinistro do que engraçado. Mesmo que "Coraline" seja visto pelos olhos de uma criança, ele não é nunca infantil, assim como clássicos como "Alice no País das Maravilhas" ou "A viagem de Chihiro".

Ah, se der, vejam em 3D, vale muito a pena. E esperem o final dos créditos ;)