tinha se convertido fazia pouco tempo.
trocou as adegas, bodegas e barzinhos pelo hábito.
ingressou na ordem dos beneditinos, se desligou daquela vida vulgar e se sentia bem.
mais disposto (nunca soube muito bem o porque da disposição extra, mas...), feliz, consciente, crente que o mundo tinha muito mais a oferecer agora do que antes.
andava descalço, com aquele manto marrom, a corda-cinto que apertava sua cintura, lhe conferindo um aspecto ligeiro de saco de batatas. um imenso saco de batatas.
raspava a cabeça e a fazia a barba dos mendigos da lapa. ajudava nos abrigos de moradores de rua. convencia os ébrios a largarem a vida maldita.
ele e um grupo enorme. a família que nunca teve. equilibrados, centrados. afáveis.
era maio quando sua conversão aconteceu.
junho passou bem, julho foi bem proveitoso. agosto, setembro, outubro, meses maravilhosos.
mas veio novembro. e logo, num instante, chegaria dezembro.
e foi no começo de dezembro que aconteceu.
caminhava pela praça da bandeira, seus pés no asfalto, quente, quase o chão do inferno. o manto marrom, já preto de tanto suor, grudava no corpo, incomodava, causava assaduras horrendas no suvaco e pescoço.
a virilha inflamada de tanto caminhar, trazia aquela dor final. um verdadeiro fardo.
mas não era isso??? a penitência ???
o problema derradeiro foi a careca voluntária. aquele corte, que para o sol é um convite à insolação. sempre úmida, escorrendo pro olho.
aquilo foi demais. aquele suor no olho, cegando, dificultando ate a visão do sinal aberto, que quase levou a seu atropelamento, foi demais.
enlouqueceu. arrancou o hábito ali mesmo. se desfez do cinto.
peladão. amarrou o cinto na cabeça. foi pro bar beber.
o dono não quis atende-lo. estava pelado. pediu uma bermuda.
o rapaz forneceu.
sentou e bebeu. mas bebeu de verdade. como nunca tinha bebido.
velho barreiro, old cesar, cachaça artesanal sabor de cobra. lavou as garrafas.
à tarde foi pra boca. ficou devendo até as calcas (emprestadas).
pediu esmola pros mendigos da lapa. vendeu a barba deles pro cabeleireiro mais próximo. não conseguiu muita coisa. dois reais, por pena.
e foi assim, despencou no chão feito um pacote flácido (epaaaaaa).
morreu na contramão atrapalhando o tráfego (epaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa).
o verão destrói a religião. até mesmo a fé se perde.
trocou as adegas, bodegas e barzinhos pelo hábito.
ingressou na ordem dos beneditinos, se desligou daquela vida vulgar e se sentia bem.
mais disposto (nunca soube muito bem o porque da disposição extra, mas...), feliz, consciente, crente que o mundo tinha muito mais a oferecer agora do que antes.
andava descalço, com aquele manto marrom, a corda-cinto que apertava sua cintura, lhe conferindo um aspecto ligeiro de saco de batatas. um imenso saco de batatas.
raspava a cabeça e a fazia a barba dos mendigos da lapa. ajudava nos abrigos de moradores de rua. convencia os ébrios a largarem a vida maldita.
ele e um grupo enorme. a família que nunca teve. equilibrados, centrados. afáveis.
era maio quando sua conversão aconteceu.
junho passou bem, julho foi bem proveitoso. agosto, setembro, outubro, meses maravilhosos.
mas veio novembro. e logo, num instante, chegaria dezembro.
e foi no começo de dezembro que aconteceu.
caminhava pela praça da bandeira, seus pés no asfalto, quente, quase o chão do inferno. o manto marrom, já preto de tanto suor, grudava no corpo, incomodava, causava assaduras horrendas no suvaco e pescoço.
a virilha inflamada de tanto caminhar, trazia aquela dor final. um verdadeiro fardo.
mas não era isso??? a penitência ???
o problema derradeiro foi a careca voluntária. aquele corte, que para o sol é um convite à insolação. sempre úmida, escorrendo pro olho.
aquilo foi demais. aquele suor no olho, cegando, dificultando ate a visão do sinal aberto, que quase levou a seu atropelamento, foi demais.
enlouqueceu. arrancou o hábito ali mesmo. se desfez do cinto.
peladão. amarrou o cinto na cabeça. foi pro bar beber.
o dono não quis atende-lo. estava pelado. pediu uma bermuda.
o rapaz forneceu.
sentou e bebeu. mas bebeu de verdade. como nunca tinha bebido.
velho barreiro, old cesar, cachaça artesanal sabor de cobra. lavou as garrafas.
à tarde foi pra boca. ficou devendo até as calcas (emprestadas).
pediu esmola pros mendigos da lapa. vendeu a barba deles pro cabeleireiro mais próximo. não conseguiu muita coisa. dois reais, por pena.
e foi assim, despencou no chão feito um pacote flácido (epaaaaaa).
morreu na contramão atrapalhando o tráfego (epaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa).
o verão destrói a religião. até mesmo a fé se perde.
3 comentários:
O verão destrói tudo. Até a vergonha.
Por falar em Verão, achei este (epaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa) bem Vera Verão!
[claque]
muito bom .... cara.... vc tem uma criatividade muito rica... umas historias sempre irreverentes... situaçoes inusitadas... personagens atipicos...tipo... e o q eu mais gosto e q sempre tem um senso de humor na parada
hááá, muito bom!
é por essas e outras que eu cultuo o inverno. =}
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