mas eu nunca fui a frança.
foi na eco 92 (eu era garoto, bem garoto), que eu conheci a cidade. de fato.
passava as tardes desse ano com meus pais, nas ruas, andando, sendo espectador ignorante do que rolava. e rolava muita coisa, mas tanta coisa, que o motivo principal foi esquecido. ou pelo menos, não cumprido.
shows, apresentações, palestras, intervenções culturais, conscientização ecológica (chatoooo), hippies, hares, sihks, gente esquisita falando uma língua que pra mim parecia universal. o não-português. todos, menos eu, falavam.
foi a primeira vez que eu passei pela presidente vargas, sabendo que ela era a presidente vargas. assim como outras. muitas outras. buenos aires, ouvidor, sete de setembro. por aí vai.
rio branco, a que mais me agradou. extensa, prédio de vidro, desde sempre. na ponta, o monumento dos pracinhas, que desde sempre me lembra um livro num pedestal. uma biblia na liturgia (eita educação católica) .aquele corredor de vento poluído. delícia. eu era um debutante, sem vestido, sem babado e música de kenny g.
ouvi, enquanto era puxado pela mão, numa tensão constante, histórias que eu tive que reaprender tempos depois, porque não prestava atenção nas palavras. só nos cidadãos temporários, as rodas, o som, as construções. pensei em ser arquiteto.
me formo daqui a um ano. em advocacia. triste.
uma dessas apresentações, foi a representação da queda da bastilha e revolução francesa, na presidente vargas.
era uma marcha enorme, uns dois mil componentes, atores vestidos de revolucionários, usando perucas, chapéus de três pontas, músicos batendo tambor e gritando, alguns napoleões, marias antonietas, robespierres, todos rodopiando, com expressão de raiva teatral. canhões soltando fogo pelas suas bocas, trapezistas se equilibrando, em cima de outros trapezistas, por sua vez, em cima de barris, que rolavam feito carros de uma só roda. a melodia forte e intensa da marselhesa que me lembrava John lennon, e outros cânticos pertinentes ao momento relatado. uma cena forte.
mas, mais forte que o visto foi o cheirado.
aquele enxofre, que saía das bocas dos canhões, das baionetas sem sangue, das bombas jogadas ao ar, misturado com o cheiro dominante, massivo, de dejetos humanos que fazia lar na avenida, modificou minha visão. meu olfato modificou minha visão.
e até hoje se mantém assim.
passo em algumas esquinas-domicílios, em alguns banheiros públicos ao ar livre, becos sujos, esquecidos por deus e pela comlurb, e me vem à mente, a frança, a revolucionária e a atual, que se mantém até hoje com o mesmo cheiro. pelo menos pra mim que não conheço.
a frança fede.
foi na eco 92 (eu era garoto, bem garoto), que eu conheci a cidade. de fato.
passava as tardes desse ano com meus pais, nas ruas, andando, sendo espectador ignorante do que rolava. e rolava muita coisa, mas tanta coisa, que o motivo principal foi esquecido. ou pelo menos, não cumprido.
shows, apresentações, palestras, intervenções culturais, conscientização ecológica (chatoooo), hippies, hares, sihks, gente esquisita falando uma língua que pra mim parecia universal. o não-português. todos, menos eu, falavam.
foi a primeira vez que eu passei pela presidente vargas, sabendo que ela era a presidente vargas. assim como outras. muitas outras. buenos aires, ouvidor, sete de setembro. por aí vai.
rio branco, a que mais me agradou. extensa, prédio de vidro, desde sempre. na ponta, o monumento dos pracinhas, que desde sempre me lembra um livro num pedestal. uma biblia na liturgia (eita educação católica) .aquele corredor de vento poluído. delícia. eu era um debutante, sem vestido, sem babado e música de kenny g.
ouvi, enquanto era puxado pela mão, numa tensão constante, histórias que eu tive que reaprender tempos depois, porque não prestava atenção nas palavras. só nos cidadãos temporários, as rodas, o som, as construções. pensei em ser arquiteto.
me formo daqui a um ano. em advocacia. triste.
uma dessas apresentações, foi a representação da queda da bastilha e revolução francesa, na presidente vargas.
era uma marcha enorme, uns dois mil componentes, atores vestidos de revolucionários, usando perucas, chapéus de três pontas, músicos batendo tambor e gritando, alguns napoleões, marias antonietas, robespierres, todos rodopiando, com expressão de raiva teatral. canhões soltando fogo pelas suas bocas, trapezistas se equilibrando, em cima de outros trapezistas, por sua vez, em cima de barris, que rolavam feito carros de uma só roda. a melodia forte e intensa da marselhesa que me lembrava John lennon, e outros cânticos pertinentes ao momento relatado. uma cena forte.
mas, mais forte que o visto foi o cheirado.
aquele enxofre, que saía das bocas dos canhões, das baionetas sem sangue, das bombas jogadas ao ar, misturado com o cheiro dominante, massivo, de dejetos humanos que fazia lar na avenida, modificou minha visão. meu olfato modificou minha visão.
e até hoje se mantém assim.
passo em algumas esquinas-domicílios, em alguns banheiros públicos ao ar livre, becos sujos, esquecidos por deus e pela comlurb, e me vem à mente, a frança, a revolucionária e a atual, que se mantém até hoje com o mesmo cheiro. pelo menos pra mim que não conheço.
a frança fede.
fede a tudo. inclusive a franga no galinheiro. franga. got it ?
3 comentários:
foda!
rsss
"a frança fede"... nós tb!!!!!
n é a toa q seu nariz é grande rs!!! ofusca qualquer q seja o outro sentido kkkk!
a revolução francesa sempre me chamou atenção... foi de longe umas das partes da história q mais gostei de estudar... e mesmo depois de ler um livro sobre a revolução sob a ótica de uma revolucionária da época(Theroigne de Maricourt)... na qual descrevia mais a fundo o quão sangrento foi esse processo histórico, continuei a admira-lo.
vc tem uma ótima memória mesmo(pra certas coisas só)... essas lembranças ficaram muito bem descritas. N tenho nenhuma história marcante de quando fui a primeira vez no centro do Rio... só me lembro q era bem pequena e sempre ia pro escritório trabalhar com a minha vó. E quanta a frança... eles fendem... o pais fede... e pra isso eles fazem otimos perfumes rs.... vive la france!!!
bjooo
Acho que peguei.
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