Definitivamente, fazer um balanço da vida nem sempre é saudável. Principalmente para piscianos.
Ou você sai do auto-balanço feliz demais, ou ainda mais sensível do que entrou.
Outro detalhe relevante: morar numa cidade bela onde as praias e cartões postais te levam a divagar, também não ajuda. Ou ajuda, não sei.
E todas elas chegaram pra mim de uma só vez.
A primeira vem de Milton Nascimento, que diz "O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou? O que foi feito da vida, o que foi feito do amor?" na bela letra de “O que foi feito, de Vera?”
Outra referência oportuna vem do conto “Uma Pequena Nuvem”, de James Joyce, onde um irlandês com veia artística, bem educado, futuro promissor e que sonhava e imaginava seus devaneios virando livro e poesias, de repente se vê preso à “obrigações” sociais como casamento, filhos e o ganhar do pão com coisas sérias, como um escritório.
Do outro lado, ele vê seu amigo, ex-bêbado e perdedor, se tornar um integrante da imprensa londrina, saindo de Dublin para viver nas rodas da elite londrina, parisiense etc.
O irlandês resolver cometer a burrice do auto-balanço e, mesmo sem ter ouvido James Joyce, se pergunta “O que foi feito?”
Os livros de poesia e seus sonhos? Estão o encarando na estante.
Repentinamente a tal família se vê separada por espaços de tempo que nenhum deles nunca imaginou que pudesse chegar. Aquele tempo que de repente a gente olha e pensa: “Como a gente não viu passar?” O que foi feito, amigo?
Lá ele narra, entre outras histórias, a militância estudantil, e os encontros de universitários que reuniam em palestras nomes até então desconhecidos como Fernando Henrique Cardoso e Lula. Sim, eles mesmos.
Nas descrição de
O que foi feito, hum?
Quantas coisas você idealizou e quantas você viu desmoronar ou mesmo não acontecer?
Os dias vão passando e as circunstâncias te colocam em lugares inesperados.
E você vai tentando lidar bem com isso.
Eu já cheguei na casa dos 20 e ainda divido meus aposentos.
E tem tanta coisa que a gente vai deixando pelo caminho. E tanta coisa que a gente nem sabe...
As rugas são muito mais que marcas do tempo...
Elas rasgam algo muito mais profundo que a pele.
O jornalismo tem futuro? Eu acreditava muito mais nele quando iniciei a vida acadêmica.
O vai ser feito do sonho da menina que quer morar
Será que um dia vamos conhecer a Europa?
Ganhar dinheiro?
Ter independência?
“O que foi feito de tudo que a gente sonhou?”
*foto Cynthia Martins
4 comentários:
Balanço...
Quando parei para pensar nesta palavra, o que me veio foi justamente a palavra BALANÇO mesmo, daqueles de praça, coloridos, divertidos e que transformam qualquer um em criança.
Acredito então que fazer um balanço da vida deva ser isso mesmo. Uma vez a pessoa está por cima, outra por baixo, etc. Mas o importante, sempre, é CONTINUAR BALANÇANDO. Sentir o vento da vida passar pelo rosto sem medo de cair no chão, já que se possui força suficiente para se levantar e prosseguir balançando.
(e pensar quem tem tanta gente viciada na inércia...)
Sobre o que será feito de tudo o que a gente sonha hoje eu não sei, mas espero que, no futuro, tenhamos aquele sorriso de felicidade involuntária que nos vem no canto de boca quando fizermos um outro Balanço e percebermos que ajudamos outras pessoas a se balançar.
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Bom, eu continuo sonhando.
Talvez um dia esse meu balanço alcance tal altura que eu nunca pensei alcançar.
Então como pisciana também digo que nós somos movidos nesse balançar pela vontade de chegar o mais alto que pudermos, na verdade o mais pertinho do céu que pudermos...
Precisamos do balanço e precisamos da inércia. O balanço nos move, a inércia nos dá segurança para alçar novos vôos, novas empreitadas. Disseram muito bem, Cynthia, Puppet.
Aquele abraço e salve o irlandês de Dublin!
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