Me pergunto que tal nostalgia inquietante é essa que me toma nesta tarde de primavera regada a frio e chuva...
Mas parece que caminhar despretensiosamente por tuas avenidas maternas, de vez em quando, faz bem.
Atravessar seus corações que não se cruzam com a calma de uma criança não tem preço.
Suas veias pulsam apressadas, tentando fazê-la fugir e seguir o caminho de um sol que hoje não se abriu. Mas eu me nego a obedecê-la e insisto e a seduzo e a convenço de que mereço vê-la nua.
Sinto-me quase que flutuando sobre ti, como dentro de um filme, de um sonho, e assim te uso para abusar de casa rosto teu, de cada pulsação, e exploro tudo que tu, ó cidade, tem por trás de teus véus.
Tu também me amedronta, mas que seria de nosso amor se não mantivesse teus segredos por trás desta maquiagem borrada?
Quero te ver assim, suja, urbana e, sob tuas estrelas, desvendar tuas vielas, ruelas, teus morros, possuir a ti que sempre será minha casa.
*fotomontagem imagens da internet
7 comentários:
Olá...realmente tens razão...de que adianta? talvez seja para gringo ver, sair bem na foto, mostrar lá fora como as cores são belas...pura ilusão...de que adianta!
olha de q plasticidade vc tá falando...?? n sei quanto a vc.. mas a sujeira das ruas me incomoda e muito... os mendigos jogados nada me agrada... e nem acho interessante... as favelas?? tem gente q diz q é arquitetonicamente interessante... mas eu n entendo mesmo de arquitetura, e a pobreza e a pessima condiçao de vida me deprime... n porque ache algo vil... mas é com certeza injusto.
n consigo ver beleza nisso n... nem é questaum de apego as belezas padronizadas e vendaveis... mas dizer q o oposto a isso me agrada... naum mesmo... mas enfim, uma frase q gosto bastante... q n é minha... "cada ponto de vista é a vista de um determinado ponto"
acho q vc ia adora morar no haiti rsrsrsrs... sacanagem....
serio, mas acho q eu entendi q vc gosta do Rio por inteiro aceitando e amando todos seus contrastes neah...
E viva o rio!!!! è feio mais ta na moda!!!! A unica instituição carioca...a que acompanha o rio desde sempre, é a favela. Fardo de qualquer cidade portuária. É triste, mas é bonita pra caralho essa nossa vadiagem estética!
juliana, é claro que eu gostaria de ver a minha cidade sem violência, sem mendigos, sujeira ou buracos. mas acontece que ela não é assim, nunca foi, nem nunca será. e isso não é falta de esperança. só se torna mais uma idéia simplesmente utópica. não utópica só pra o Rio, como para todas as cidades.
acontece que essa cidade suja de que eu falo é a cidade de verdade, a cidade como ela realmente é, que não é vendida em revistas e folders de viagem.
por mais que a cidade "plástica" também não deixe de ser característica desse Rio de Janeiro, é a "sujeira" que faz ela ser quem ela realmente é.
o que se vê do alto é muito bonito, sim, mas do alto não se ouve o som das buzinas, nem os gritos dos aflitos, nem o choro do samba, nem se tropeça em buracos, nem se caminha podendo divagar sobre o sujo.
e eu não falei só de coisas ruins da sujeira da cidade. a sujeira não é só ruim. pelo contrário.
é a mistura, a batida heterogênea que todos nos juntos formamos.
e isso não tem nada a ver com arquitetura, nem com planejamento,etc.
as cidades são o que são pela forma natural como elas se formam: "sujas".
sim, cada um com seu ponto de vista de um ponto.
e é bom demais ver esses conflitos de idéias e posições.
o bom de poder trabalhar com as palavras é que ela, além de gerar discussões, pode trazer interpretações diversas e comentários retrucados enormes =)
de certo modo ... o lado grotesco e real eh vendido sim ...
por uma elite intelectual, que utiliza as imagens, a vida, o modus operandi pra suas realizacaoes artisticas.
de certo modo eh vendido do mesmo jeito.
so que nos agrada mais.
pq os nomes das pessoas q fazem isso, sao nomes mais elegantes, com sobrenomes conhecidos, bem garbosos.
faz bem ao ouvido.
agora viver a coisa, eh mais complicado.
Pior que agrada mesmo..nos da aquela sensação de que estamaos do lado dos oprimidos, de que participamos de uma grande denuncia... e na verdade nos tornamos Clichês...nada novo...mesmo ostracismo...
"E Agora mané?"
" Que parte que me cabe neste latifundio?"
"Quer bacalhau?"
"A revolução só é feita com sangue!"
Seu texto me fez lembrar o longa-metragem "Rio de Jano", aonde um quadrinhista francês exemplifica perfeitamente esta "estética da sujeira" que faz o rio ser o que ele é.
Isso que faz pensar também que o conceito sujeira se estende além da estética, já que a relação suja enre as autoridades oficiais e as paralelas é mais do que evidente...
Mas enfim. Como diz aquela propaganda de sabão em pó: se sujar faz bem.
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