O quarto do velho.
Nas paredes pintadas de cal formavan-se silhuetas à luz do candeeiro. No quarto, deitado, um velho roto e carcomido. Suando. Os olhos inesxpressivos fitando o nada, e sentada ao seu lado,uma velha cansada, enxugando-lhe a face.
Em cima da cama, pregada na parede, a foto de um passado inexistente, estranho. As lembranças do primeiro cortejo...o primeiro beijo; puxando pela memória até lhe apareciam frames de outros momentos.
Os desgarres da vida inundavam-lhe a cabeça; as mentiras, o sub-julgo , o pranto corriqueiro que tomou boa parte de sua vida. E aquele velho roto, torto, com seus olhos febris, ainda lhe questionava em silencio.
Inexplicavelmente aquela foto, e o cheiro do suor do velho, comprimia-lhe o peito. Aquele velho roto, torto, quase morto, respirando com dificuldade, em cima da cama. Ela enxugando o suor e prendendo suas lagrimas.
Sentindo a cabeça pesar, a velha solta um suspiro. Sente um desconforto na nuca, o lado esquerdo do corpo formiga, turva-se a visão; e de sua boca, um brado: Velho Filho de uma Puta!
À luz do candeeiro formam-se sombras, silhuetas de uma velha enxugando o suor do rosto de um velho roto, torto quase morto, absorto em febril demencia. Enquanto é acariciado pelas mãos da velha.
5 comentários:
Um microconto? Lembrou-me algumas coisas d'O Avesso E O Direito, do Camus. E, sendo ele meu escritor predileto, sim, é um elogio! =)
PS: em protesto contra essa nova regra ortografica, a partir de hj vou por acento onde eu bem entender.
Eis aqui o nosso Bukowski!
ps: Esse seu "ps" tá hilário.
"em protesto contra essa nova regra ortografica, a partir de hj vou por acento onde eu bem entender."
Valeu, Pezinho. Acabas de me ceder uma pauta sem querer!
Hahaha... Só toma cuidado onde põe o acento agudo que pode doer...
Feliz Blog Day! Já foi linkado:
http://arquivodagaita.blogspot.com/
[]s
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